Visitando Inhotim com crianças

Ontem, 9 de fevereiro, Inhotim reabriu pela primeira vez ao público depois da tragédia de Brumadinho. O parque que é sem dúvida nenhuma o maior atrativo da região estava fechado desde 25 de janeiro, data do rompimento da barragem da Vale. Embora não tenha tido sua área atingida pela lama, o Instituto permaneceu fechado em solidariedade às vítimas da tragédia e seus familiares.

Como entendemos que o Instituto é essencial para movimentação da economia local, já abalada pela tragédia, ficamos felizes em saber que o parque reabriu, voltando a atrair visitantes do mundo inteiro e ajudando a fortalecer os moradores da região.

Em 2015 tivemos o prazer de conhecer o Instituto e saímos de lá com gostinho de quero mais, o post abaixo estava pronto desde então, nem sei porque não publiquei antes.

Parque na arte ou arte no parque? Inhotim é um daqueles lugares que te da vontade de ser linda, conceitual, artista, fotógrafa, descolada, tudo ao mesmo tempo. Um parque com 140 hectares em constante expansão, cheio de verde e onde os visitantes são convidados a interagir com quase todas as obras. Ele não pode ser definido nem só como um museu e muito menos como um jardim botânico, seria muito simplista. O espaço é um museu onde o proibido se torna incentivado, encantando todas as crianças que normalmente são inibidas em exposições de arte. E no meio de tanto verde ficar entediado é uma tarefa quase impossível.

O Instituto começou a ser idealizado na década de 80 pelo empresário Bernardo de Mello Paz, mas só foi aberto ao público geral em 2006. Hoje o instituto conta com 3 caminhos que apresentam um número incontável de obras de arte.

COMO CHEGAR:

Brumadinho fica no Vale do Paraopeba, distante 60Km de Belho Horizonte. Chegar no Instituto é bem fácil.

  • Carro: Saindo de BH basta pegar a BR-381e fazer o caminho mais curto, chegando facilmente em menos de 1h. Existe um caminho mais longo pela BR-040, atravessando a Serra da Moeda. Eu que sempre passo mal em serras, nem cogitei essa possibilidade.
  • De van: as vans de BH com destino ao Inhotim saem do Hotel Holiday Inn (R. Professor Moraes, 600, Funcionários) às 8h15 da manhã e retornam às 16h30 (de terça à sexta) e às 17h30 (sábados e domingos). A passagem custa R$66,00 ida e volta e demora 1h45 minutos. As vans precisam de pelo menos 4 pessoas para garantir a saída. É possível comprar os tickets com antecedência AQUI.
  • De ônibus: os ônibus sem da rodoviária de BH no mesmo horário que as vans, quem faz o trajeto é a empresa Saritour e o custo da viagem é de R$78 reais ida e volta. Particularmente eu achei caro quando comparado com a van.

Nós fomos de carro. Eu acho o horário o ônibus e da van bem ruim, já que você só vai chegar no parque 30 minutos após a abertura do Instituto.

O QUE VISITAR:

Inhotim é dividido em 3 eixos, o eixo rosa, o amarelo e o laranja. Em todos os eixos há obras expostas ao ar livre intercaladas com pequenos prédios que guardam galerias. Entenda que não entrar em um prédio muitas vezes significa deixar de ver uma obra interessante. E que é impossível fazer os três eixos inteiros em uma única visita.

Os trajetos podem ser feitos a pé ou com a ajuda de um carrinho que custa R$30,00 e passa por rotas pré determinadas. Se você estiver indo em um dia eu recomendo o uso do carrinho já que as distâncias são longas e o tempo é curto. Para quem tem mais tempo, recomendo que aproveitem para andar pelos jardins e curtir a natureza, cansa mas vale muito a pena. Para quem está em grupo de até 5 pessoas é possível alugar um carrinho elétrico exclusivo por R$500,00 a diária ou R$200,00 a hora. Não utilizei nenhum dos dois transportes, andamos mesmo!

Meu eixo favorito foi o rosa, onde eu já sabia que estariam as obras que mais me interessavam mas o outros dois também merecem a visita. É no eixo rosa que estão

QUANTO TEMPO PARA VISITAR:

Reza a lenda que o parque deve ser feito em dois dias ou mais, só tínhamos um dia no nosso fim de semana extendido, então fizemos em um dia só mesmo.

Chegamos na sexta a noite em BH, dormimos em um Ibis basicão e seguimos para o parque na manhã de sábado, bem cedo. O parque abre às 9h30 no sábado e pelo que eu tinha lido anteriormente enche muito nos fins de semana e na terça (quando a entrada ERA gratuita), mas desde fevereiro de 2015 a entrada gratuita migrou para quarta feira, o que deve mudar essa dinâmica.

No final da visita fiquei com a sensação de que deveria ter ido dois dias. São muitas obras e por estar com uma criança pequena, tive que fazer muitas paradas. Conseguimos ver todas as obras principais mas não consegui entrar nas piscinas, por exemplo! Uma pena!! Então, se puderem, ouçam os conselhos que eu não ouvi e separem pelo menos dois dias. Se estiverem com crianças e com tempo, separem 3 dias, é um espaço tão livre para as crianças ficarem soltas que vale a pena visitar várias vezes.

ONDE COMER:

Não faltam opções de lugares para comer dentro de Inhotim. A variedade é grande e a qualidade da comida também! Come-se muito bem por lá, até porque um Instituto Mineiro não pode fazer vergonha para a comida regional. São várias opções de lugares para todos os bolsos:

  • Hamburgueria – No Eixo laranja uma casa de hambúrgueres com mesas longas de madeira ao ar livre faz as horas de lugar para descansar e fazer um lanche. Tem opção de hambúrguer vegetariano.
  • Casa de sucos – No eixo amarelo, essa casa de sucos oferece um refresco nos dias quentes quando mesmo ao meio de tanto verde o sol incomoda bastante.
  • Restaurante Tamboril – Também no eixo amarelo, fica do lado do Bar do Ganso, é um restaurante tipo buffet que custa R$79,00 com a sobremesa incluída. Almoçamos por la quando fomos e a comida estava divina. Além disso o restaurante é muito bonito, com mesas no jardim e na parte interna com ar condicionado. No dia que fomos o calor estava muito intenso e por isso escolhemos ficar na parte fechada.
  • Restaurante Oiticica –  No eixo rosa e de frente para o lago, esse restaurante é no estilo self-service a R$ 49/kg, um preço bem digno. Não fui nele mas passei em frente e achei uma graça.
  • Lanchonete True Rouge – Dentro do prédio da obra True Rouge, no eixo amarelo, fica essa lanchonete que tem vista para outro lago. Também não consumi mas passei por ela quando visitei a obra.
  • Café das flores – Bem perto da recepção e do lado da lojinha do parque sõ servidos lanches e nos fins de semana pratos quentes.

10 OBRAS IMPERDÍVEIS para crianças:

10 – Jardim dos sentidos –

Canteiros em forma de mandala onde é possível tocar, sentir, cheirar e até comer diversos tipos de planta. São plantas aromáticas, medicinais e algumas toxicas que durante a visita guiada podem ser provadas e deixam a língua dormente.

9 – Invenção da cor, Penetrável Magic Square (Hélio Oiticica) –

Uns quadrados com cores fortes e várias formas com um chão todo de pedrinhas, Julia ficou horas brincando lá dentro. Conseguir tirar ela de lá não foi anda fácil.

8 – Três esculturas de bronze (Edgard de Souza) –

Três corpos, sem cabeça, em diferentes posições de cambalhota. Julia ficou um tempão tentando imitar as poses. Rende várias fotos e ótimas risadas! Vale lembrar que não pode entrar na área das esculturas.

7 – De Lama Lâmina (Matthew Barney) –

Uma oca todo feito de triângulos de vidro. Lá dentro um trator levantando uma árvore. É de tirar o fôlego pela grandiosidade.

6 – O Jardim de Narciso (Yayoi Kusama) –

Minha obra favorita. São várias esferas espelhadas criadas por Kusama para a bienal de Veneza em 1966, cada uma foi vendida por 2 dólares e entre elas tinham uma placa com os dizeres “Seu narcisismo à venda”. Em Inhotim estão somente 500 das 1500 esferas da obra original mas o espetáculo não deixa de ser fenomenal.

5 – Som da Terra (Redondo Beach) –

Uma sala com um furo de 200 metros de profundidade de onde é possível ouvir o som captado por microfones que foram instalado no buraco. A acústica da sala é fenomenal. Difícil é fazer a criança entender que não deve fazer barulho ali! rs.

4 – A Origem da Obra de Arte (Marilá Dardot) –

Sem dúvida a obra mais fofa de Inhotim. São diversos vasos de barro em forma de letras onde o visitante é incentivado a usar ferramentas de plantio e sementes e formar palavras e frases.

3 – Cosmococa (Hélio Oiticica e Neville D’Almeida) –

Outra obra que eu amei mas que pode ser um pouco assustadora para crianças pequenas. Nesse pavilhão o visitante tira o sapato e entra em diversas salas, blocos, que evocam diversos sentidos. E uma sala acontecem projeções, em outra redes convidam os visitantes para um descanso, em outra sala diversos balões amarelos e laranjas estão a disposição e em uma outra uma piscina iluminada convida a um mergulho. Achamos a obra um pouco fria e desistimos do mergulho. Julia perdeu o medo assim que entrou na sala dos balões.

2 – Troca-troca (Jarbas Lopes) –

Três fusquinhas multicoloridos que são uma das obras mais conhecidas do Instituto. Impossível não ficar apaixonado e doido para levar um para casa.

1 – Piscina (Jorge Macchi)

Uma piscina externa onde cada degrau tem algumas letras, representando uma caderneta de endereços. No calor que faz em Inhotim a piscina é um convite ao relaxamento.

QUANTO CUSTA:

  • Terça, quinta, sexta, sábado, domingo e feriado: R$ 44,00 (inteira). É possível comprar o ingresso AQUI.
  • Quarta-feira (exceto feriado): entrada gratuita*
  • Fechado às segundas-feiras.
  • Crianças de até 5 anos entram gratuitamente todos os dias
  • Meia entrada:

– Crianças de 6 a 12 anos;
– Idosos acima de 60 anos;
– Pessoas com deficiência e seus acompanhantes;
– Estudantes;
– Professores das redes formais pública e privada de ensino;
– Funcionários da Cemig e da Vale;
– Clientes Fiat Club Premium mais um acompanhante;
– Participante do Clube de Assinantes Estado de Minas mais um acompanhante;
– ID Jovem;
– Moradores de Brumadinho participantes do programa Nosso Inhotim.

Não sou nenhuma conhecedora de arte contemporânea, e nem vou mentir e dizer que é meu tipo de arte favorito mas vou confessar que adorei as obras do instituto. De certa forma meu lado criança adorou poder interagir com tudo e realmente sentir o que estava sendo exposto. Para mim, o Inhotim não é um lugar para ser explicado, é um lugar para ser sentido e interpretado por cada um em uma experiência sensória que vai muito além do que estamos acostumados.

É difícil acreditar que um Instituto tão organizado e com obras tão bem selecionadas fique no Brasil. É um sentimento parecido com o que eu tenho quando visito a Biblioteca Parque aqui no centro do Rio. É um espaço para nenhum outro lugar no mundo falar mal, um orgulho de saber que temos um lugar assim tão pertinho de casa.

Como mãe, eu posso dizer que é um lugar perfeito para os pequenos ficarem soltos, explorando e se familiarizando com a natureza e com a arte. Como aprendiz de fotografia, é um lugar ideal para explorar formas, cores, idéias e até mesmo as reações humanas a algumas instalações.

Dicas de mãe:

  • Protetor solar é essencial, mesmo com muito verde o sol bate bem em todo o percurso do Instituto;
  • Óculos escuros também são importantes, o chão reflete muita luz e incomoda bastante;
  • Não recomenda-se a entrada no parque com alimentos em geral e bebidas alcoólicas, buscando a conservação do espaço e dos acervos botânico e artístico.
  • Não é permitido fazer piquenique no parque. Os espaços destinados a alimentação estão indicados no mapa podem ser informados pela equipe de monitores.
  • Evite ir em feriadões fica bem cheio;
  • Faça pelo menos uma visita guiada

6 comentários

  1. Inhotim é incrível! Também fiquei com a sensação que deveria ter feito em 2 dias, mas foi o que deu… e deu para aproveitar muito mesmo assim! O bom para crianças é que tem espaço a beça para se divertir, né?
    PS.: Ainda passada com toda essa situação 😦

    Curtir

  2. Adorei o relato. Estou planejando uma viagem com o pequeno nos próximos meses pra lá e seu texto me ajudou imensamente a ter a certeza de que ele vai curtir muito. Show!!

    Curtir

  3. Que bom que o Inhotim reabriu, apesar de tudo! Realmente é preciso retomar o turismo, assim como aconteceu em Mariana! Assim como você, arte contemporânea não é minha preferência, mas fico com a impressão que o museu agrada todo mundo, né? Um abraço!

    Curtir

  4. Pena que fica tão longe de nós, moramos em Recife. Pretendemos fazer uma viagem para conhecermos e mostrar ao meninos as cidades históricas mineiras e temos intenção de estivar até Inhotim. Adorei as dicas.

    Curtir

Deixe um comentário